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Em MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA PARA DIAS MORTOS CHINAINA volta às suas raízes com elementos da cultura popular pernambucana e referências ao Baião e Frevo.

 

Sem bateria, carregado de percussão e guitarras pesadas, as letras versam sobre as atuais condições políticas e sociais que vivemos.

Indicado ao Prêmio APCA de Melhor Álbum de 2019 e ao Prêmio Red Bull Music

 

A produção é assinada por Yuri Queiroga - vencedor um do Grammy Latino - e mixagem por Buguinha Dub.

Tem participação de Andreas Kisser (Sepultura), Uyara Torrente (A Banda Mais Bonita da Cidade), Bell Puã (Slam das Minas PE), Neiton (Devotos) and Natália Matos

 

In MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA PARA DIAS MORTOS (MANUAL OF SURVIVAL FOR DEAD DAYS) CHINA returns to his roots with elements from Pernambuco's popular culture and Baião and Frevo references.

With no drums and loaded with percussion, heavy guitars, the lyrics are about the current political and social conditions we live in.

Nominated for Best Album 2019 by APCA and Red Bull Music

Produced by Yuri Queiroga - Latin Grammy winner - and mixed by Buguinha Dub.

The album has collaborations with Andreas Kisser (Sepultura), Uyara Torrente (A Banda Mais Bonita da Cidade), Bell Puã (Slam das Minas PE), Neiton (Devotos) and Natália Matos.
 

 

 

[ RELEASE ]

por Guilherme Werneck

 

Depois do derretimento do Brasil nos últimos anos, é impossível para uma pessoa sensível e sensata passar ao largo do discurso político. Em um momento em que a busca do verdadeiro se torna irrelevante frente às iscas de cliques e às correntes da infâmia do WhatsApp, a resposta da arte tem de ser um choque de realidade, para mostrar que o mundo é mais plural, diverso e interessante daquele pintado pelos que fazem loas à morte, reduzindo a complexidade do mundo ao pensamento binário, onde só vale a vida dos homens de bens, tementes a Deus, com suas terra planas e suas cortinas de fumaça moralistas. 

 

Manual de Sobrevivência para Dias Mortos trabalha duplamente como guia a vacina para se mover nessa nova realidade distópica que se desenha no Brasil, e assim se torna o disco mais potente de China que já ouvi. E ouvi muito todos, desde a porrada do Sheik Tosado, que fez minha alegria nos fim dos anos 90 ao trazer um peso confrontacional pro manguebeat, até a seqüência de discos solo, Um Só, Simulacro, Moto Contínuo, Telemática, em que ele dosava o pop, rock e a matriz brasileira com maestria.

 

Mas este Manual de Sobrevivência para Dias Mortos me fez pensar para além da trajetória do músico. Antes vejo um espelho que reconta uma história que é da nossa geração. Somos filhos do pós-punk, rezamos na igreja do niilismo, vimos nossos ídolos morrer de Aids, de drogas e de desgosto num país fechado e subdesenvolvido. Ao mesmo tempo experimentamos a renascença da geléia geral brasileira com o manguebeat, o último grande movimento musical a reafirmar nossa identidade ao digerir o mundo sem fronteiras que se desenhava ao redor. 

 

Esse manual nos oferece saídas em dois planos. No lírico e no musical. Começando pela música, que é sempre mais etérea, China nos guia pelos caminhos da diversidade, o que é em si uma declaração de intenções.

 

A origem punk está lá, firme e forte, mas tem esse tempero pernambucano, dos grooves para frente que nascem lá no samba-rock e ganham mutações com o mangue, o acento dos ritmos folclóricos, os ecos de coco, de maracatu, de cavalo marinho. De outro lado, tem os respiros, as baladas contemporâneas, músicas bonitas, lentas, sem deixar de ser marcadas pelo ritmos, como Ofertório e Pó de Estrela, que juntam o orgânico do violão e da percussão com o elétrico da programação e da guitarra, cada um no seu lugar e juntos abrindo novos caminhos.

 

O coração do disco é a trinca formada por China -- que além de cantar,  se aventura na programação de beats, toca baixo, órgão, e seleciona samples --, pelo produtor do disco Yuri Queiroga -- que toca violão, guitarra, baixo, micromoog, além das programações e dos samples --, e pelo percussionista Lucas do Prazeres.

É dessa interação que nasce a espinha dorsal das canções, essa leitura do Brasil a partir dos sons. Mas em momentos específicos, uma série de convidados ganha a frente: o trombone de Nilsinho Amarante na quase vinheta Subdesenvolver e em O Selvagem, as guitarras rascantes de Neilton (Devotos) em Fascismo Tupinambá, e de Andreas Kisser (Sepultura) em Frevo e Fúria. Um capítulo à parte são as vozes femininas. Bell Puã com sua poesia dura em Moinhos de Tempo, Natália Matos que banha de leveza o refrão de Mareação e Uyara Torrente (A banda mais bonita da cidade) que traz profundidade a um dos momentos mais lindos do disco, que é o dueto em Pó de Estrela.

 

Se o disco tem essa mistura de gêneros, um amálgama do pop refinado, com momentos de confronto e outros de conforto, é liricamente que ele se impõe como fundamental para este 2019 de retrocessos sem fim.

 

Além de um diagnóstico preciso de nossas mazelas, existem algumas chaves: coragem, e aí lembro do conceito valentia artística sempre defendida pelo escritor Roberto Bolaño, não ceder ao medo, nutrir a esperança sem se render, partir para cima do fascista tupinambá, não cair na espiral individualista e voraz do consumo, se rebelar, sem perder a ternura e nem a perspectiva do amor, do outro, sem deixar de ter fé. Isso em letras que entregam a mensagem diretamente, sem firulas, sem muito espaço para divagações etéreas ou para duplo sentido.

 

Há apenas um sentido aqui, precisamos resistir juntos para sobreviver, precisamos valorizar o que nos faz plurais, solidários, amorosos. Precisamos dar nome às nossas mazelas, às ideologias totalizantes, trazer luz ao obscurantismo. Sobreviver é não deixar o escuro dominar. Tudo sem nem um acorde a menos.

by Guilherme Werneck

 

After the Brazilian melting in recent years, it is impossible for a sensitive and sensible person to pass off the political discourse. At a time when the search for the truth is irrelevant to the clicks,  the response of art has to be a clash of reality. To show that the world is more plural, diverse, and interesting than that painted by those who do praises to death, reducing the complexity of the world to binary thought, where only the life of men of goods, God-fearing, with their flat earth and their curtains of moralistic smoke are worth.

 

"Manual of Survival for Dead" Days works doubly as the vaccine guide to move in this new dystopian reality that is drawn in Brazil, and thus becomes the most potent album by China I have ever heard. And I've heard a lot from the beat of Sheik Tosado, who made my joy in the late '90s by bringing a confrontational weight to Manguebeat; and to the solo sequence: Um Só, Simulacro, Moto Contínuo, Telemática - in which he doses pop, rock and the Brazilian matrix with mastery.

 

But this new album made me think beyond the trajectory of the musician. Before I see a mirror that recounts a story that is our generation's. We are children of post-punk, we pray in the church of nihilism, we saw our idols die of Aids, drugs, and heartbreak in a closed and underdeveloped country. At the same time, we experienced the renaissance of the Brazilian jelly with Manguebeat - the last great musical movement to reaffirm our identity as it digested the world without borders that was drawing around. 

 
This manual gives us a two-way output. One lyric and one musical. Beginning with music, which is always more ethereal, China guides us on the paths of diversity, which is itself a declaration of intent.

 

The punk origin is there, firm and robust. But there is this "seasoning" from Pernambuco, from the grooves to the samba-rock, and mutations with the manguegrove, accents of folk rhythms such as Coco, Maracatu, Cavalo Marinho. On the other hand, there are the breaths, the contemporary ballads, beautiful slow songs, without being marked by the rhythms, like Offertory and Pó de Estrela, which combine the organics of guitar and percussion with programming and guitar, each in its place and together opening new paths.

 

The heart of the album is the trio formed by China - which in addition to singing, ventures into beats programming, plays bass, organ, and selects samples; by the record producer Yuri Queiroga - who plays guitar, guitar, bass , micromoog, besides the programming and the samples; and percussionist Lucas do Prazeres. 

It is from this interaction that is born the backbone of the songs, a Brazil's reading from its sounds. In specific moments, a series of guests get the highlights: the trombone of Nilsinho Amarante in Subdesenvolver and O Selvagem; the rasping guitars by Neilton (Devotos) in Fascismo Tupinambá; and Andreas Kisser (Sepultura) in Frevo e Fúria. The female voices are another chapter. Bell Puã with her hard poetry in Moinhos de Tempo, Natália Matos that lightly bathes the refrain of Mareação and Uyara Torrente (A Banda Mais Bonita da Cidade) that brings depth to one of the most beautiful moments of the disc, in the duet in Pó de Estrela.

 

If the album has this mix of genres, an amalgam of refined pop, with moments of confrontation and other moments of comfort, it is by its lyrics that imposes itself as fundamental for this 2019 of endless setbacks in Brazil.

 

In addition to an accurate diagnosis of our ills, there are some keys: courage, and there I remember the artistic value concept always defended by the writer Roberto Bolaño, do not give in to fear, nourish hope without surrender, leave the fascist Tupinambá, do not fall in the individualistic and voracious spiral of consumption, to rebel, without losing the tenderness and the perspective of love, on the other, without losing faith. The lyrics deliver the message directly, without frills, without much space for ethereal or double meaning ramblings.

There is only one meaning here, we need to resist together to survive. We need to value what makes us plural, supportive, loving. We need to name our ills, totalizing ideologies, bring light to obscurantism. 
To survive is not to let the dark dominate. 
All, with no missing chord.

[ CLIPPING ]

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[ BIO ]

Eu ainda era adolescente em 1996 quando vi Chico Science e Nação Zumbi com Gilberto Gil no palco do Abril Pro Rock. Esse show foi o que eu precisava para encontrar o meu caminho na música.

 

Influenciado pelo movimento Manguebeat, em 1997 fundei o Sheik Tosado, banda que misturou Frevo e Maracatu com Hardcore e Punk Rock. Com Som de Carater Urbano e de Salão - lançado pela Trama no Brasil e no Japão, deixamos Olinda para tocar em algumas das principais casas e festivais de todo o Brasil, como o Rock in Rio e o Abril Pro Rock.

 

Continuei em carreira solo, experimentando sons que iam além do que propunha com Sheik Tosado, mergulhando cada vez mais nas nuances da música brasileira.

Eu lancei o EP Um Só em 2004 e depois 4 álbuns de estúdio: Simulacro (2007), Moto Contínuo (2011) e Telemática (2014).

Essas obras me levaram a uma indicação ao VMB (prêmio musical da MTV Brasil).

 

Minha carreira musical me levou por caminhos que nunca imaginei. Em 2011 recebi um inesperado convite para ter meu próprio programa de TV, dedicado à música brasileira. Por dois anos na MTV Brasil, transmitimos performances ao vivo e muita conversa sobre todos os tipos de música brasileira. Atualmente, apresentando diferentes conteúdos musicais para o Multishow, Canal Bis e Tv Bandeirantes, eu entro em contato com artistas e música de todo o mundo, o que me enriquece muito como artista.

 

Em maio lanço meu quinto álbum, “Manual de Sobrevivência Para Dias Mortos”, no qual volto a experimentar ritmos da música regional pernambucana, misturando ao rock cru de bandas que sempre estiveram presentes na minha vida, como Stooges, Sex Pistols e Gang of Four .

Neste novo trabalho eu substituí a bateria por uma forte percussão, que combina com as guitarras pesadas e um discurso crítico sobre a atual situação social em que vivemos.

 

Com mais de 20 anos de carreira, sendo guiado pela música para tantos caminhos, tenho certeza que esse caminho é infinito e eu estou apenas no começo dele.

CHINA INA

I was still a teenager in 1996 when I saw Chico Science and Nação Zumbi with Gilberto Gil on Abril Pro Rock Festival. That concert was the inception I needed to find my path in music.

 

Influenced by Manguebeat movement, in 1997 I founded Sheik Tosado, a band that mixed frevo and maracatu with hardcore and punk rock. With  "Som de Carater Urbano e de Salão", released by Trama in Brazil and Japan, we left Olinda to play in some of the main stages and festivals all over Brazil, such as Rock in Rio and Abril Pro Rock.

 

I kept on solo career, experimenting sounds that went beyond what I proposed with Sheik Tosado, diving more and more into the nuances of Brazilian music.

I released Um Só in 2004 and then 4 studio albums, Simulacro 2007, Moto continuo 2011 and Telematica 2014.

Those works led me to a VMB nomination (MTV Brazil musical prize) and an invitation to Sintonizando Recife DVD, released in 2009.

 

My musical career took me along paths that I never imagined. In 2011 received an unusual invitation to host my own tv show, dedicated to Brazilian music. For two years in MTV Brasil, we broadcasted live performances and lots of talk about all kinds of Brazilian music. Nowadays, hosting different music contents for Multishow, Canal Bis and Tv Bandeirantes I get in touch with music and artists from all around the world, which enriches me so much as an artist.

 

In May 2019 I release my 5th album “Manual de Sobrevivência Para Dias Mortos” (Manual of Survival for Dead Days), in which I go back to experience rhythms of regional music from Pernambuco, mixing with raw rock of bands that were always present in my life, such as Stooges, Sex Pistols and Gang of Four.

In this new work I replaced the drums with a strong percussion, which suits the heavy guitars and a critical speech about the current social situation we live in.

 

 

With more than 20 years career, being guided by music to so many paths, I am sure that this road is infinite and I am only at the beginning.

 

CHINA INA

[ LETRAS ]

VIVO?
(Letra e música: China)

 

Sai de casa mas não sabe se volta
Todo dia um coração na mão

Quem vai determinar quais são as chances de alguém

virar estatística, nota de jornal

 

A violência cospe bala e sangue

Outro corpo caiu no canal

A polícia vai brincando de deus

Nesse inferno subtropical

 

Corre o risco que o medo vê de olhos aflitos

O gatilho que vai dizer quem fica vivo 

 

Qual a sorte de quem não tem?

A coragem por trás de alguém?

O que vou fazer pra ficar vivo?

A coragem por trás de alguém?

Qual a sorte de quem não tem?

O que vou fazer pra ficar vivo?

 

 

Bumbo, caixa, ganzá, agogô, pandeiro, surdo, conga - Lucas dos Prazeres

Baixo, guitarra, sample, programação - Yuri Queiroga

Sample, programação, voz - China

 

MOINHOS DE TEMPO

(Letra: China / Bell Puã - Música: China / Yuri Queiroga)

 

Subúrbios invisíveis

Tudo o que se perde pra nada ganhar

Remédio que não cura gente

Mercado de imaginação

Somos cabeças cheias de promessa, esperança e algodão

Que todo dia recomeça como se já fosse amanhã

Mas se depender dos olhos da antena para raciocinar

Logo não saberemos mais para que serve pensar

 

De onde vem o tempo

E as horas desse lugar?

Somos moinho de vento

Esperando o tempo cicatrizar

 

Distúrbios tão sensíveis

Que da classe média nem da pra notar

Cegueira que embaça a mente

Modelo de educação

Somos cabeças cheias de esperança, fé em Deus, ilusão

Que todo dia recomeça como se já fosse amanhã

Mas se depender da força do sistema para nos salvar

Logo não saberemos mais para que serve lutar

 

Tá tudo meio embaçado, irmão

tamo caindo no abismo 

achando pisar no chão

fica difícil sacar a real disputa

quando tudo que passa no jornal

me chega como verdade absoluta

A propaganda é só ilusão

vos apresento o espetáculo-corrupção 

pro povo achar 

que só o voto é participação 

essa grande mídia 

tem que dar informação 

a opinião sou eu que dou, vê se pode?

só branco apresenta os programa

e até o horário é nobre

Sem alarde

vivência nem se compara a lattes

tamo sim fazendo complô

em meio a raiva que cresce do golpe

meu amor falou

“minha preta, tem que ter estratégia

vencer os comédia

esses tal de comídia”

Pernambuco dos brabo

não tem rabo preso

ninguém sai ileso dos verso

que não tem cabresto

eu não tenho sinhá nem sinhô

de onde vem o tempo e as hora do lugar

que preto nenhum ocupou?

 

Sangue nosso no caminho 

capitão do mato, zé polvinho

é tirar o seu da reta

sangue negro no caminho porque

além do genocídio as ferida tão aberta

o povo mais brabo e vaidoso em linha reta

Nordeste em fúria 

é muita injúria: 

execução de Marielle Franco

os sonho roubado nois toma de assalto 

pra que a dor dos preto não mais passe em branco

Vamo tirar uma panca 

ao invés de lembrar

a tal vitória capitalista

tem que ter na memória

e no livro de história

que a nossa elite era eugenista

Vaticano doado por um fascista

Oh meu pai do céu, me ajude a enxergar 

até dói ser tão realista

saber que tanto cristão diz “amai a todos irmão”

mas calam se o preto é executado 

só abrem a boca se o preto é cotista

de escravo a pobre trabalhador

de raça inferior a vitimistas 

Século XXI e branco insistindo em ser neonazista

fazem rebuliço só de pensar que Jesus podia ser negro,

que dirá uma preta contrariando estatística?

falando poesia marginal, afrontando a literatura elitista?

Quero preta no padrão de beleza

mas goela abaixo nos enfiam certezas

mercado de imaginação 

se for empresário tudo pode

até vender carne podre pra população

se pá fraudar patrimônio histórico em leilão

Bell Puã vai mandando a rima

deixo um salve para mano China

que os fatos eu possa entender

mesmo quando a tv 

me fizer companhia

que o sonho americano não seja 

o pior pesadelo da américa latina

Respeita as mina

 

 

Djambê - Lucas dos Prazeres

Baixo, guitarra, sample, violão - Yuri Queiroga

Berimbau, voz - China

Voz - Bell Puã

 

 

SUBDESENVOLVER

(Música: Nilsinho Amarante)

 

Trombone: Nilsinho Amarante

 

 

O SELVAGEM

(Letra: China - Música: China / Yuri Queiroga)

 

Autoconsciência, seleção natural

Predadores, parasitas da aldeia global

A continuidade e a existência do ser

O inimigo é necessário para me fortalecer

Eu disse…

 

Há compensação em destruir e o por quê?

O ser humano é um processo que evolui para trás

E o infinito tá distante demais

Vamos lá retroceder porém render-se jamais

 

Música para os macacos

Dance comigo, selvagem

 

A nudez do olho vivo

Que não teme desafia

O sentimento, o equilíbrio

A esperança de outro dia

 

Música para os macacos

Dance comigo, selvagem

Dois pra lá dois pra cá

Música, música

 

*Arranjo trombone - Nilsinho Amarante

Caixa, zabumba, cajon, mineiro, panela, palmas - Lucas dos Prazeres

Baixo, guitarra, programação, sample, palmas - Yuri Queiroga

Trombone - Nilsinho Amarante

Palmas, voz - China

 

 

OFERTÓRIO

(Letra: China - Música: China / Yuri Queiroga)

 

Essas constelações vão me seguir

Por todo o caminho iluminar

O vento já soprou a direção

e deixo andar, andar

 

Se isso é como prova de oração

eu peço para me abençoar

fechar o corpo, me dar proteção

e respirar o ar

 

Luz divina, guia e proteção

Ilumina a minha escuridão

 

Guarda o meu coração manso e gentil

e a minha alma calma como um rio

que todo o mal eu possa desviar

sem nada me alcançar

 

e que os meus pés não cansem de seguir

por onde o pensamento me levar

esse ofertório é prova de oração

o canto de xambá

 

Surdo, alfaia, conga, djambe, agogô, caixa, apito, chocalho - Lucas dos Prazeres

Sample, baixo, guitarra, programação, violão - Yuri Queiroga

Voz - China

 

FASCISMO TUPINAMBÁ

(Letra: China - Música: China / Yuri Queiroga)

 

Sob as leis todos são iguais

a diferença é quem paga mais

todos tem direito a proteção

mas quem decide faz distinção

o direito de ser julgado

independente e imparcial

a família é fundamental

e as pessoas de bem são o tribunal

 

Liberdade de pensamento

consciência e religião

o cristão faz o juramento

e a igreja a separação

todos querem educação

o saber, a voz da razão

mas pensar não é a questão

a tortura da opinião

 

Fascista, Cidadão de bem, tabacudo, vai tomar no cú

 

 

Sample, baixo - Yuri Queiroga

Guitarra - Neilton

Voz - China

 

CONSUMO

(Letra: China - Música: China / Yuri Queiroga)

 

E quanto custa a felicidade?

E quanto tempo tem de duração?

Já é mais cara que a realidade

e dura menos que alucinação

O tempo todo se inventa de novo

miraculoso jeito de vender

A propaganda diz num apavoro

que ter já vale muito mais que ser

 

Confiar em que?

Cultivar o que?

Substituir

e satisfazer

 

Você vale o que consome

nem um centavo a mais

Você sabe que o seu nome

não vale nada demais

 

 

Caixa, zabumba, pandeiro - Lucas dos Prazeres

Baixo, guitarra, programação, sample, micromoog - Yuri Queiroga

TR 808 - Matheus Câmara

Voz – China

 

 

MAREAÇÃO

(Letra: China - Música: China / Felipe Faraco / Rafa)

 

De que adianta navegar perto do vento

Procurar a direção e flutuar

Se jogar com toda força sobre o pensamento

Alimentar os sonhos pra amanhã acordar

 

E se der praia a gente esquece que o sol

Se esconde atrás dos prédios

E seu reflexo é o que sobra pra nós

Essa insuportável alegria de viver

Sorrir das circunstâncias  

Sem perceber que pode se defender

 

Hoje vai sorrir pra tristeza

 

Quarta e domingo sempre tem futebol

Os dias só começam depois do carnaval

Essa insuportável alegria de viver

Sorrir pra qualquer coisa

Se enganar e deixar acontecer

 

 

Bateria - Rafael Bezerra

Baixo - Felipe Faraco

Guitarra, cassiotone - Yuri Queiroga

Bujão - Lucas dos Prazeres

TR 808 - Matheus Câmara

TR 606, caxixi, programação, voz - China

Voz - Natália Matos

 

 

 

PÓ DE ESTRELA

(Letra e música: China)

 

São coisas inexplicáveis do fundo do peito a me corroer

São doses diárias de certeza e medo

pra me mostrar o quanto é frágil viver

São casas de areia para o mar desmanchar

e tudo é sonho até você perceber

que na verdade somos pó de estrela

iluminamos depois de escurecer

 

E sem você já não faz sentido

Mas sem você nada faz sentido

 

São fontes inesgotáveis de esperança e fé

as mãos pro céu procuram sempre outras mãos

Eu peço e agradeço nas minhas orações

e tudo faço pra me fortalecer

Mas casas de areia são para o vento soprar

e tudo é sonho até você acordar

Pois na verdade somos pó de estrela

iluminando depois de escurecer

 

 

Balde, bumbo, caixa - Bruno Cupim

Baixo, guitarra - Yuri Queiroga

Programação, pandeirola, sample, voz - China

Voz - Uyara Torrente

 

ENTRE CORONÉIS

(Letra e música: China)

 

Viver como água sempre se adaptando

O lugar comum, a diferença e a condição

Viver como lama nos sapatos de alguém

Entre coronéis, sobrenomes e cartéis

 

Respirar mais fundo até achar o equilíbrio

Pensa como age, ágil como quer falar

Sua intuição, um deus em exercício

Que dança no escuro sem medo de se arriscar

 

Enfrentar qualquer perigo

Coragem para mudar

Pelos olhos do destino

Coragem para mudar

 

Tudo é uma questão de se manter alerta e vivo

A cada segundo o vento sopra em outro lugar

Destelhando sonhos e casas invisíveis

Tirando do chão os seus pés e a ilusão

 

Viver como água sempre se adaptando

Respirar mais fundo até achar o equilíbrio

Sua intuição é um deus em exercício

Que dança no escuro sem medo de se arriscar

 

 

Guitarra, sample - Yuri Queiroga

TR 808 - Matheus Câmara

Bateria eletrônica, programação, baixo, órgão, sample, voz - China

 

 

FREVO E FÚRIA

(Letra: China - Música: China / Felipe Faraco / Rafa)

 

É proibido pensar, falar, informar

todo o direito de argumentar

É proibido pensar, calar, se esquivar

engolir a seco com gosto de sangue

pra depois deixar sangrar, gritar, se rebelar

 

é proibido dizer, querer se envolver

brilhar no escuro para amanhecer

É proibido, viver, nascer, morrer

tudo o que me resta é sobreviver

 

Desviando bombas

se espalhando em nuvem

desorientando

se equilibrar

pra depois deixar sangrar, gritar, se rebelar.

 

É proibido pensar, falar, informar

É proibido pensar, calar, se esquivar

É proibido dizer, querer se envolver

É proibido, viver, nascer, morrer

Caixa - Tostão Queiroga

Surdo, zabumba, caixa, pandeiro, reco-reco - Lucas dos Prazeres

Baixo - Yuri Queiroga

Guitarra - Andreas Kisser

programação, voz – China

 

 

FICHA TECNICA

Produzido por Yuri Queiroga

Gravado entre setembro de 2017 e novembro de 2018 nos estúdios Muzak (PE), Mundo novo (PE), Pedra onze (SP), Casa da Pompéia (SP), Casinha verde (SP), Root Sans (SP), Falante áudio (PE) por, André Oliveira, João Figueiroa, Buguinha Dub, China, Rodrigo Sanches e Guga fonseca

Edição: China, Yuri Queiroga

Mixado e masterizado por Buguinha Dub no Estúdio Mundo novo (PE)

Produção executiva: Pamella Gachido

Selo: Pedra onze

 

 

ALIVE?

(Lyrics and Music: China)

 

Leaves home but does not know if is gonna come back

Every day a heart in the hand

Who will determine the chances of someone

turn into statistical, a newspaper note

Violence spits bullets and blood

Another body fell on the channel

The police play god

In this subtropical inferno

You run the risk that fear sees from afflicted eyes

The trigger that will tell who stays alive

What is the lucky from who does not have it?

The courage from behind someone?

What am I going to do to stay alive?

The courage from behind someone?

What is the lucky from who does not have it?

What am I going to do to stay alive?

 

Bumbo, box, ganzá, agogô, tambourine, deaf, conga - Lucas dos Prazeres

Bass, guitar, sample, programming - Yuri Queiroga

Sample, Programming, Voice - China

  

 

 

TIME MILLS

(Lyrics: China / Bell Puã - Music: China / Yuri Queiroga)

 

Invisible suburbs

All that is lost for nothing to gain

Remedy that does not cure people

Market of imagination

We are heads full of promise, hope and cotton

That every day resumes as if it were already tomorrow

But if it depends on the eyes of the antenna to reason

Soon we will no longer know what it is for to think

Where does the time come from?

And the hours of this place?

We are windmill

Waiting for the time to heal

Such sensitive disorder

From the middle class, you can barely notice

Blindness that fogs the mind

Education model

We are heads full of hope, faith in God, illusion

That every day resumes as if it were already tomorrow

But if it depends on the strength of the system to save us

Soon we will no longer know what it is for to fight

It's all kind of foggy, bro.

I fall into the abyss

thinking to step on the ground

It's difficult to get the real fight out.

when everything on the news

comes as absolute truth.

Publicity is only an illusion

I present you the corruption show

for the people to think

that only the vote is participation

this great media

have to give information

the opinion is mine, can you see it?

only white people present the programs

and even the time is prime

No showoff

does not even compare to lattes

yes, we are colluding

from the rage that grows from the coup

my love, he said

"My black, there has to be the strategy

win the comedians

those co-medias

Pernambuco from the angry

nothing to hide

nobody comes out unscathed from the verse

which has no halter

I have no owner

Where do the time and place come from

where no black occupied?

Our blood on the way

Slave catchers, John Doe

is to take yours from the line

black blood on the way because

beyond the genocide, the wounds are still openly

the bravest and proudest people in a straight line

Northeast in fury

too many injuries:

execution of Marielle Franco

the stolen dream, we take it from assault

so that the pain of the black no longer goes blank

Let us just act on it

instead of remembering

such capitalist victory

It has to have in memory

and in the history book

that our elite was eugenic

The Vatican donated by a fascist

Oh my father in heaven, help me to see

It even hurts to be so realistic

to know that both Christian says "love all brothers"

but shut up if a black is executed

they only open their mouths if black is a student quota

from slave to poor worker

from inferior race to victimizer

21st century and white insisting on being neo-Nazi

They go crazy just thinking that Jesus could be black,

Imagine a black woman going against statistics?

reciting marginal poetry, facing elitist literature?

I want black woman in the beauty standards

but down the throat, they push us certain

imagination market

if you are a businessman everything you can

even sell rotten meat to the population

and even, maybe, defraud historical patrimony at auction

Bell Puã is sending the rhyme

for my bro China, I say hi

that the facts I can understand

even when tv

keep me company

that the american dream does not get to be

the worst nightmare of Latin America

Respect the females

 

 

Djambê - Lucas dos Prazeres

Bass, guitar, sample, guitar - Yuri Queiroga

Berimbau, voice - China

Voice - Bell Puã

 

 

 

 

UNDEVELOP

(Music: Nilsinho Amarante)

 

Trombone: Nilsinho Amarante

 

 

 

THE WILD

(Lyrics: China - Music: China / Yuri Queiroga)

 

Self-consciousness, natural selection

Predators, global village parasites

The continuity and existence of being

The enemy is necessary to strengthen me.

I said…

Is there compensation to destroy and why?

The human being is a process that evolves backward

And the infinite is far too far away

Let's go there, but never surrender

Music for the monkeys

Dance with me, wild

The nakedness of the bare eye

Who does not fear, challenges

The feeling, the balance

The hope of another day

Music for the monkeys

Dance with me, wild

Two and two here.

Music, Music

 

* Arrangement trombone - Nilsinho Amarante

Box, zabumba, cajon, miner, panela, palmas - Lucas dos Prazeres

Bass, guitar, programming, sample, palms - Yuri Queiroga

Trombone - Nilsinho Amarante

Palms, voice – China

 

 

OFFERTORY

(Lyrics: China - Music: China / Yuri Queiroga)

 

These constellations will follow me

All the way, lighting up

The wind already blew the direction

and I let walk, walk

If this is as proof of prayer

I ask to bless myself

close my body, give me protection

and breathe the air

Divine light, guide and protection

Lighten up my darkness

Keep my heart meek and gentle

and my soul calm as a river

that all evil I can divert

without achieving anything to me

and may my feet not fail to follow

where the thought leads me

this offering is proof of prayer

the chant of xambá

 

Surdo, alfaia, conga, djambe, agogô, snare, whistle, rattle - Lucas dos Prazeres

Sample, bass, guitar, programming, guitar - Yuri Queiroga

Voice - China

  

FASCISMO TUPINAMBÁ

(Lyrics: China - Music: China / Yuri Queiroga)

 

Under the laws all are equal

the difference is who pays more

everyone is entitled to protection

but whoever decides makes distinction

the right to be tried

independent and impartial

the family is fundamental

and the good people are the court

Freedom of thought

conscience and religion

the Christian takes the oath

and the church the separation

everybody wants education

the knowledge, the voice of reason

but thinking is not the issue

the torture of opinion

Fascist, the good citizen, tabacudo, fuck you

 

 

Sample, bass - Yuri Queiroga

Guitar - Neilton

Voice – China

 

 

 

 

CONSUMPTION

(Lyrics: China - Music: China / Yuri Queiroga)

 

And how much does happiness cost?

And how long does it last?

It's already more expensive than reality

and lasts less than hallucination

All the time reinvented yourself

miraculous way to sell

The advertisement says in a scare

that having already is worth much more than being

Trust what?

Cultivate what?

Replace

and satisfy

You are worth what you consume

not even a penny more

You know that your name

it's no big deal

 

Caixa, zabumba, pandeiro - Lucas dos Prazeres

Bass, guitar, programming, sample, micromoog - Yuri Queiroga

TR 808 - Matheus Board

Voice - China

 

SAILING

(Lyrics: China - Music: China / Felipe Faraco / Rafa)

 

What's the use of navigating near the wind?

Seek direction and float

Dive deep over all your thoughts

Feed the dreams to wake up tomorrow

And if we go to the beach we forget that the sun

Hides behind the buildings

And its reflection is all that's left for us.

This unbearable joy of living

Smile of circumstances

Without realizing that you can defend yourself

Today will smile to sadness

Wednesdays and Sundays always have soccer

The days only begin after the carnival

This unbearable joy of living

Smile for anything

Cheat yourself and let it happen

 

drums - Rafael Bezerra

Low - Felipe Faraco

Guitar, cassiotone - Yuri Queiroga

TR 808 - Matheus Board

TR 606, caxixi, programming, voice - China

Voice - Natália Matos

 

 

STAR POWDER

(Lyrics and Music: China)

 

It's unexplainable stuff from the bottom of my chest to corrode me

Daily doses of certainty and fear

to show me how fragile life is.

Houses of sand for the sea to break

and everything is a dream until you realize

that we are stardust

we light up after dark

And without you, it does not make sense anymore.

But without you nothing makes sense.

They are inexhaustible sources of hope and faith

hands to heaven always look for other hands

I ask and I thank in my prayers

and I do everything to strengthen myself

But houses of sand are for the wind to blow

and everything is a dream until you wake up

Because in fact we are stardust

illuminating after dark

 

Bucket, bass drum, caixa - Bruno Cupim

Bass guitar - Yuri Queiroga

Programming, pandeirola, sample, voice - China

Voice - Uyara Torrente

 

 

 

 

BETWEEN CORONELS

(Lyrics and Music: China)

 

Live like water always adapting

Commonplace, difference and condition

Live like mud in someone's shoes

Between coronels, surnames and cartels

Breathe deeper until you find the balance

Think of how you act, how agile you want to talk

Your intuition, a working god

That dances in the dark with no fear of risking

Face any danger

Courage to change

Through the eyes of destiny

Courage to change

It's all about staying alert and alive

Every second the wind blows elsewhere

Untiling dreams and invisible houses

Taking the ground from your feet and the illusion

Live like water always adapting

Breathe deeper until you find the balance

Your intuition is a working god.

That dances in the dark without fear of risking

 

Guitar, sample - Yuri Queiroga

TR 808 - Matheus Board

Electronic drums, programming, bass, organ, sample, voice - China

 

 

 

 

 

FREVO AND FURY

(Lyrics: China - Music: China / Felipe Faraco / Rafa)

 

It is forbidden to think, speak, inform

any right to argue

It is forbidden to think, to shut up, to dodge

swallow dry with blood taste

to let it bleed, scream, rebel

it is forbidden to say, want to get involved

shine in the dark for sunrise

It is forbidden, to live, to be born, to die

All I have left is to survive.