Em MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA PARA DIAS MORTOS CHINAINA volta às suas raízes com elementos da cultura popular pernambucana e referências ao Baião e Frevo.
Sem bateria, carregado de percussão e guitarras pesadas, as letras versam sobre as atuais condições políticas e sociais que vivemos.
Indicado ao Prêmio APCA de Melhor Álbum de 2019 e ao Prêmio Red Bull Music
A produção é assinada por Yuri Queiroga - vencedor um do Grammy Latino - e mixagem por Buguinha Dub.
Tem participação de Andreas Kisser (Sepultura), Uyara Torrente (A Banda Mais Bonita da Cidade), Bell Puã (Slam das Minas PE), Neiton (Devotos) and Natália Matos
In MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA PARA DIAS MORTOS (MANUAL OF SURVIVAL FOR DEAD DAYS) CHINA returns to his roots with elements from Pernambuco's popular culture and Baião and Frevo references.
With no drums and loaded with percussion, heavy guitars, the lyrics are about the current political and social conditions we live in.
Nominated for Best Album 2019 by APCA and Red Bull Music
Produced by Yuri Queiroga - Latin Grammy winner - and mixed by Buguinha Dub.
The album has collaborations with Andreas Kisser (Sepultura), Uyara Torrente (A Banda Mais Bonita da Cidade), Bell Puã (Slam das Minas PE), Neiton (Devotos) and Natália Matos.
[ RELEASE ]
por Guilherme Werneck
Depois do derretimento do Brasil nos últimos anos, é impossível para uma pessoa sensível e sensata passar ao largo do discurso político. Em um momento em que a busca do verdadeiro se torna irrelevante frente às iscas de cliques e às correntes da infâmia do WhatsApp, a resposta da arte tem de ser um choque de realidade, para mostrar que o mundo é mais plural, diverso e interessante daquele pintado pelos que fazem loas à morte, reduzindo a complexidade do mundo ao pensamento binário, onde só vale a vida dos homens de bens, tementes a Deus, com suas terra planas e suas cortinas de fumaça moralistas.
Manual de Sobrevivência para Dias Mortos trabalha duplamente como guia a vacina para se mover nessa nova realidade distópica que se desenha no Brasil, e assim se torna o disco mais potente de China que já ouvi. E ouvi muito todos, desde a porrada do Sheik Tosado, que fez minha alegria nos fim dos anos 90 ao trazer um peso confrontacional pro manguebeat, até a seqüência de discos solo, Um Só, Simulacro, Moto Contínuo, Telemática, em que ele dosava o pop, rock e a matriz brasileira com maestria.
Mas este Manual de Sobrevivência para Dias Mortos me fez pensar para além da trajetória do músico. Antes vejo um espelho que reconta uma história que é da nossa geração. Somos filhos do pós-punk, rezamos na igreja do niilismo, vimos nossos ídolos morrer de Aids, de drogas e de desgosto num país fechado e subdesenvolvido. Ao mesmo tempo experimentamos a renascença da geléia geral brasileira com o manguebeat, o último grande movimento musical a reafirmar nossa identidade ao digerir o mundo sem fronteiras que se desenhava ao redor.
Esse manual nos oferece saídas em dois planos. No lírico e no musical. Começando pela música, que é sempre mais etérea, China nos guia pelos caminhos da diversidade, o que é em si uma declaração de intenções.
A origem punk está lá, firme e forte, mas tem esse tempero pernambucano, dos grooves para frente que nascem lá no samba-rock e ganham mutações com o mangue, o acento dos ritmos folclóricos, os ecos de coco, de maracatu, de cavalo marinho. De outro lado, tem os respiros, as baladas contemporâneas, músicas bonitas, lentas, sem deixar de ser marcadas pelo ritmos, como Ofertório e Pó de Estrela, que juntam o orgânico do violão e da percussão com o elétrico da programação e da guitarra, cada um no seu lugar e juntos abrindo novos caminhos.
O coração do disco é a trinca formada por China -- que além de cantar, se aventura na programação de beats, toca baixo, órgão, e seleciona samples --, pelo produtor do disco Yuri Queiroga -- que toca violão, guitarra, baixo, micromoog, além das programações e dos samples --, e pelo percussionista Lucas do Prazeres.
É dessa interação que nasce a espinha dorsal das canções, essa leitura do Brasil a partir dos sons. Mas em momentos específicos, uma série de convidados ganha a frente: o trombone de Nilsinho Amarante na quase vinheta Subdesenvolver e em O Selvagem, as guitarras rascantes de Neilton (Devotos) em Fascismo Tupinambá, e de Andreas Kisser (Sepultura) em Frevo e Fúria. Um capítulo à parte são as vozes femininas. Bell Puã com sua poesia dura em Moinhos de Tempo, Natália Matos que banha de leveza o refrão de Mareação e Uyara Torrente (A banda mais bonita da cidade) que traz profundidade a um dos momentos mais lindos do disco, que é o dueto em Pó de Estrela.
Se o disco tem essa mistura de gêneros, um amálgama do pop refinado, com momentos de confronto e outros de conforto, é liricamente que ele se impõe como fundamental para este 2019 de retrocessos sem fim.
Além de um diagnóstico preciso de nossas mazelas, existem algumas chaves: coragem, e aí lembro do conceito valentia artística sempre defendida pelo escritor Roberto Bolaño, não ceder ao medo, nutrir a esperança sem se render, partir para cima do fascista tupinambá, não cair na espiral individualista e voraz do consumo, se rebelar, sem perder a ternura e nem a perspectiva do amor, do outro, sem deixar de ter fé. Isso em letras que entregam a mensagem diretamente, sem firulas, sem muito espaço para divagações etéreas ou para duplo sentido.
Há apenas um sentido aqui, precisamos resistir juntos para sobreviver, precisamos valorizar o que nos faz plurais, solidários, amorosos. Precisamos dar nome às nossas mazelas, às ideologias totalizantes, trazer luz ao obscurantismo. Sobreviver é não deixar o escuro dominar. Tudo sem nem um acorde a menos.
by Guilherme Werneck
After the Brazilian melting in recent years, it is impossible for a sensitive and sensible person to pass off the political discourse. At a time when the search for the truth is irrelevant to the clicks, the response of art has to be a clash of reality. To show that the world is more plural, diverse, and interesting than that painted by those who do praises to death, reducing the complexity of the world to binary thought, where only the life of men of goods, God-fearing, with their flat earth and their curtains of moralistic smoke are worth.
"Manual of Survival for Dead" Days works doubly as the vaccine guide to move in this new dystopian reality that is drawn in Brazil, and thus becomes the most potent album by China I have ever heard. And I've heard a lot from the beat of Sheik Tosado, who made my joy in the late '90s by bringing a confrontational weight to Manguebeat; and to the solo sequence: Um Só, Simulacro, Moto Contínuo, Telemática - in which he doses pop, rock and the Brazilian matrix with mastery.
But this new album made me think beyond the trajectory of the musician. Before I see a mirror that recounts a story that is our generation's. We are children of post-punk, we pray in the church of nihilism, we saw our idols die of Aids, drugs, and heartbreak in a closed and underdeveloped country. At the same time, we experienced the renaissance of the Brazilian jelly with Manguebeat - the last great musical movement to reaffirm our identity as it digested the world without borders that was drawing around.
This manual gives us a two-way output. One lyric and one musical. Beginning with music, which is always more ethereal, China guides us on the paths of diversity, which is itself a declaration of intent.
The punk origin is there, firm and robust. But there is this "seasoning" from Pernambuco, from the grooves to the samba-rock, and mutations with the manguegrove, accents of folk rhythms such as Coco, Maracatu, Cavalo Marinho. On the other hand, there are the breaths, the contemporary ballads, beautiful slow songs, without being marked by the rhythms, like Offertory and Pó de Estrela, which combine the organics of guitar and percussion with programming and guitar, each in its place and together opening new paths.
The heart of the album is the trio formed by China - which in addition to singing, ventures into beats programming, plays bass, organ, and selects samples; by the record producer Yuri Queiroga - who plays guitar, guitar, bass , micromoog, besides the programming and the samples; and percussionist Lucas do Prazeres.
It is from this interaction that is born the backbone of the songs, a Brazil's reading from its sounds. In specific moments, a series of guests get the highlights: the trombone of Nilsinho Amarante in Subdesenvolver and O Selvagem; the rasping guitars by Neilton (Devotos) in Fascismo Tupinambá; and Andreas Kisser (Sepultura) in Frevo e Fúria. The female voices are another chapter. Bell Puã with her hard poetry in Moinhos de Tempo, Natália Matos that lightly bathes the refrain of Mareação and Uyara Torrente (A Banda Mais Bonita da Cidade) that brings depth to one of the most beautiful moments of the disc, in the duet in Pó de Estrela.
If the album has this mix of genres, an amalgam of refined pop, with moments of confrontation and other moments of comfort, it is by its lyrics that imposes itself as fundamental for this 2019 of endless setbacks in Brazil.
In addition to an accurate diagnosis of our ills, there are some keys: courage, and there I remember the artistic value concept always defended by the writer Roberto Bolaño, do not give in to fear, nourish hope without surrender, leave the fascist Tupinambá, do not fall in the individualistic and voracious spiral of consumption, to rebel, without losing the tenderness and the perspective of love, on the other, without losing faith. The lyrics deliver the message directly, without frills, without much space for ethereal or double meaning ramblings.
There is only one meaning here, we need to resist together to survive. We need to value what makes us plural, supportive, loving. We need to name our ills, totalizing ideologies, bring light to obscurantism.
To survive is not to let the dark dominate.
All, with no missing chord.
[ CLIPPING ]
[ BIO ]
Eu ainda era adolescente em 1996 quando vi Chico Science e Nação Zumbi com Gilberto Gil no palco do Abril Pro Rock. Esse show foi o que eu precisava para encontrar o meu caminho na música.
Influenciado pelo movimento Manguebeat, em 1997 fundei o Sheik Tosado, banda que misturou Frevo e Maracatu com Hardcore e Punk Rock. Com Som de Carater Urbano e de Salão - lançado pela Trama no Brasil e no Japão, deixamos Olinda para tocar em algumas das principais casas e festivais de todo o Brasil, como o Rock in Rio e o Abril Pro Rock.
Continuei em carreira solo, experimentando sons que iam além do que propunha com Sheik Tosado, mergulhando cada vez mais nas nuances da música brasileira.
Eu lancei o EP Um Só em 2004 e depois 4 álbuns de estúdio: Simulacro (2007), Moto Contínuo (2011) e Telemática (2014).
Essas obras me levaram a uma indicação ao VMB (prêmio musical da MTV Brasil).
Minha carreira musical me levou por caminhos que nunca imaginei. Em 2011 recebi um inesperado convite para ter meu próprio programa de TV, dedicado à música brasileira. Por dois anos na MTV Brasil, transmitimos performances ao vivo e muita conversa sobre todos os tipos de música brasileira. Atualmente, apresentando diferentes conteúdos musicais para o Multishow, Canal Bis e Tv Bandeirantes, eu entro em contato com artistas e música de todo o mundo, o que me enriquece muito como artista.
Em maio lanço meu quinto álbum, “Manual de Sobrevivência Para Dias Mortos”, no qual volto a experimentar ritmos da música regional pernambucana, misturando ao rock cru de bandas que sempre estiveram presentes na minha vida, como Stooges, Sex Pistols e Gang of Four .
Neste novo trabalho eu substituí a bateria por uma forte percussão, que combina com as guitarras pesadas e um discurso crítico sobre a atual situação social em que vivemos.
Com mais de 20 anos de carreira, sendo guiado pela música para tantos caminhos, tenho certeza que esse caminho é infinito e eu estou apenas no começo dele.
CHINA INA
I was still a teenager in 1996 when I saw Chico Science and Nação Zumbi with Gilberto Gil on Abril Pro Rock Festival. That concert was the inception I needed to find my path in music.
Influenced by Manguebeat movement, in 1997 I founded Sheik Tosado, a band that mixed frevo and maracatu with hardcore and punk rock. With "Som de Carater Urbano e de Salão", released by Trama in Brazil and Japan, we left Olinda to play in some of the main stages and festivals all over Brazil, such as Rock in Rio and Abril Pro Rock.
I kept on solo career, experimenting sounds that went beyond what I proposed with Sheik Tosado, diving more and more into the nuances of Brazilian music.
I released Um Só in 2004 and then 4 studio albums, Simulacro 2007, Moto continuo 2011 and Telematica 2014.
Those works led me to a VMB nomination (MTV Brazil musical prize) and an invitation to Sintonizando Recife DVD, released in 2009.
My musical career took me along paths that I never imagined. In 2011 received an unusual invitation to host my own tv show, dedicated to Brazilian music. For two years in MTV Brasil, we broadcasted live performances and lots of talk about all kinds of Brazilian music. Nowadays, hosting different music contents for Multishow, Canal Bis and Tv Bandeirantes I get in touch with music and artists from all around the world, which enriches me so much as an artist.
In May 2019 I release my 5th album “Manual de Sobrevivência Para Dias Mortos” (Manual of Survival for Dead Days), in which I go back to experience rhythms of regional music from Pernambuco, mixing with raw rock of bands that were always present in my life, such as Stooges, Sex Pistols and Gang of Four.
In this new work I replaced the drums with a strong percussion, which suits the heavy guitars and a critical speech about the current social situation we live in.
With more than 20 years career, being guided by music to so many paths, I am sure that this road is infinite and I am only at the beginning.
CHINA INA
[ LETRAS ]
VIVO?
(Letra e música: China)
Sai de casa mas não sabe se volta
Todo dia um coração na mão
Quem vai determinar quais são as chances de alguém
virar estatística, nota de jornal
A violência cospe bala e sangue
Outro corpo caiu no canal
A polícia vai brincando de deus
Nesse inferno subtropical
Corre o risco que o medo vê de olhos aflitos
O gatilho que vai dizer quem fica vivo
Qual a sorte de quem não tem?
A coragem por trás de alguém?
O que vou fazer pra ficar vivo?
A coragem por trás de alguém?
Qual a sorte de quem não tem?
O que vou fazer pra ficar vivo?
Bumbo, caixa, ganzá, agogô, pandeiro, surdo, conga - Lucas dos Prazeres
Baixo, guitarra, sample, programação - Yuri Queiroga
Sample, programação, voz - China
MOINHOS DE TEMPO
(Letra: China / Bell Puã - Música: China / Yuri Queiroga)
Subúrbios invisíveis
Tudo o que se perde pra nada ganhar
Remédio que não cura gente
Mercado de imaginação
Somos cabeças cheias de promessa, esperança e algodão
Que todo dia recomeça como se já fosse amanhã
Mas se depender dos olhos da antena para raciocinar
Logo não saberemos mais para que serve pensar
De onde vem o tempo
E as horas desse lugar?
Somos moinho de vento
Esperando o tempo cicatrizar
Distúrbios tão sensíveis
Que da classe média nem da pra notar
Cegueira que embaça a mente
Modelo de educação
Somos cabeças cheias de esperança, fé em Deus, ilusão
Que todo dia recomeça como se já fosse amanhã
Mas se depender da força do sistema para nos salvar
Logo não saberemos mais para que serve lutar
Tá tudo meio embaçado, irmão
tamo caindo no abismo
achando pisar no chão
fica difícil sacar a real disputa
quando tudo que passa no jornal
me chega como verdade absoluta
A propaganda é só ilusão
vos apresento o espetáculo-corrupção
pro povo achar
que só o voto é participação
essa grande mídia
tem que dar informação
a opinião sou eu que dou, vê se pode?
só branco apresenta os programa
e até o horário é nobre
Sem alarde
vivência nem se compara a lattes
tamo sim fazendo complô
em meio a raiva que cresce do golpe
meu amor falou
“minha preta, tem que ter estratégia
vencer os comédia
esses tal de comídia”
Pernambuco dos brabo
não tem rabo preso
ninguém sai ileso dos verso
que não tem cabresto
eu não tenho sinhá nem sinhô
de onde vem o tempo e as hora do lugar
que preto nenhum ocupou?
Sangue nosso no caminho
capitão do mato, zé polvinho
é tirar o seu da reta
sangue negro no caminho porque
além do genocídio as ferida tão aberta
o povo mais brabo e vaidoso em linha reta
Nordeste em fúria
é muita injúria:
execução de Marielle Franco
os sonho roubado nois toma de assalto
pra que a dor dos preto não mais passe em branco
Vamo tirar uma panca
ao invés de lembrar
a tal vitória capitalista
tem que ter na memória
e no livro de história
que a nossa elite era eugenista
Vaticano doado por um fascista
Oh meu pai do céu, me ajude a enxergar
até dói ser tão realista
saber que tanto cristão diz “amai a todos irmão”
mas calam se o preto é executado
só abrem a boca se o preto é cotista
de escravo a pobre trabalhador
de raça inferior a vitimistas
Século XXI e branco insistindo em ser neonazista
fazem rebuliço só de pensar que Jesus podia ser negro,
que dirá uma preta contrariando estatística?
falando poesia marginal, afrontando a literatura elitista?
Quero preta no padrão de beleza
mas goela abaixo nos enfiam certezas
mercado de imaginação
se for empresário tudo pode
até vender carne podre pra população
se pá fraudar patrimônio histórico em leilão
Bell Puã vai mandando a rima
deixo um salve para mano China
que os fatos eu possa entender
mesmo quando a tv
me fizer companhia
que o sonho americano não seja
o pior pesadelo da américa latina
Respeita as mina
Djambê - Lucas dos Prazeres
Baixo, guitarra, sample, violão - Yuri Queiroga
Berimbau, voz - China
Voz - Bell Puã
SUBDESENVOLVER
(Música: Nilsinho Amarante)
Trombone: Nilsinho Amarante
O SELVAGEM
(Letra: China - Música: China / Yuri Queiroga)
Autoconsciência, seleção natural
Predadores, parasitas da aldeia global
A continuidade e a existência do ser
O inimigo é necessário para me fortalecer
Eu disse…
Há compensação em destruir e o por quê?
O ser humano é um processo que evolui para trás
E o infinito tá distante demais
Vamos lá retroceder porém render-se jamais
Música para os macacos
Dance comigo, selvagem
A nudez do olho vivo
Que não teme desafia
O sentimento, o equilíbrio
A esperança de outro dia
Música para os macacos
Dance comigo, selvagem
Dois pra lá dois pra cá
Música, música
*Arranjo trombone - Nilsinho Amarante
Caixa, zabumba, cajon, mineiro, panela, palmas - Lucas dos Prazeres
Baixo, guitarra, programação, sample, palmas - Yuri Queiroga
Trombone - Nilsinho Amarante
Palmas, voz - China
OFERTÓRIO
(Letra: China - Música: China / Yuri Queiroga)
Essas constelações vão me seguir
Por todo o caminho iluminar
O vento já soprou a direção
e deixo andar, andar
Se isso é como prova de oração
eu peço para me abençoar
fechar o corpo, me dar proteção
e respirar o ar
Luz divina, guia e proteção
Ilumina a minha escuridão
Guarda o meu coração manso e gentil
e a minha alma calma como um rio
que todo o mal eu possa desviar
sem nada me alcançar
e que os meus pés não cansem de seguir
por onde o pensamento me levar
esse ofertório é prova de oração
o canto de xambá
Surdo, alfaia, conga, djambe, agogô, caixa, apito, chocalho - Lucas dos Prazeres
Sample, baixo, guitarra, programação, violão - Yuri Queiroga
Voz - China
FASCISMO TUPINAMBÁ
(Letra: China - Música: China / Yuri Queiroga)
Sob as leis todos são iguais
a diferença é quem paga mais
todos tem direito a proteção
mas quem decide faz distinção
o direito de ser julgado
independente e imparcial
a família é fundamental
e as pessoas de bem são o tribunal
Liberdade de pensamento
consciência e religião
o cristão faz o juramento
e a igreja a separação
todos querem educação
o saber, a voz da razão
mas pensar não é a questão
a tortura da opinião
Fascista, Cidadão de bem, tabacudo, vai tomar no cú
Sample, baixo - Yuri Queiroga
Guitarra - Neilton
Voz - China
CONSUMO
(Letra: China - Música: China / Yuri Queiroga)
E quanto custa a felicidade?
E quanto tempo tem de duração?
Já é mais cara que a realidade
e dura menos que alucinação
O tempo todo se inventa de novo
miraculoso jeito de vender
A propaganda diz num apavoro
que ter já vale muito mais que ser
Confiar em que?
Cultivar o que?
Substituir
e satisfazer
Você vale o que consome
nem um centavo a mais
Você sabe que o seu nome
não vale nada demais
Caixa, zabumba, pandeiro - Lucas dos Prazeres
Baixo, guitarra, programação, sample, micromoog - Yuri Queiroga
TR 808 - Matheus Câmara
Voz – China
MAREAÇÃO
(Letra: China - Música: China / Felipe Faraco / Rafa)
De que adianta navegar perto do vento
Procurar a direção e flutuar
Se jogar com toda força sobre o pensamento
Alimentar os sonhos pra amanhã acordar
E se der praia a gente esquece que o sol
Se esconde atrás dos prédios
E seu reflexo é o que sobra pra nós
Essa insuportável alegria de viver
Sorrir das circunstâncias
Sem perceber que pode se defender
Hoje vai sorrir pra tristeza
Quarta e domingo sempre tem futebol
Os dias só começam depois do carnaval
Essa insuportável alegria de viver
Sorrir pra qualquer coisa
Se enganar e deixar acontecer
Bateria - Rafael Bezerra
Baixo - Felipe Faraco
Guitarra, cassiotone - Yuri Queiroga
Bujão - Lucas dos Prazeres
TR 808 - Matheus Câmara
TR 606, caxixi, programação, voz - China
Voz - Natália Matos
PÓ DE ESTRELA
(Letra e música: China)
São coisas inexplicáveis do fundo do peito a me corroer
São doses diárias de certeza e medo
pra me mostrar o quanto é frágil viver
São casas de areia para o mar desmanchar
e tudo é sonho até você perceber
que na verdade somos pó de estrela
iluminamos depois de escurecer
E sem você já não faz sentido
Mas sem você nada faz sentido
São fontes inesgotáveis de esperança e fé
as mãos pro céu procuram sempre outras mãos
Eu peço e agradeço nas minhas orações
e tudo faço pra me fortalecer
Mas casas de areia são para o vento soprar
e tudo é sonho até você acordar
Pois na verdade somos pó de estrela
iluminando depois de escurecer
Balde, bumbo, caixa - Bruno Cupim
Baixo, guitarra - Yuri Queiroga
Programação, pandeirola, sample, voz - China
Voz - Uyara Torrente
ENTRE CORONÉIS
(Letra e música: China)
Viver como água sempre se adaptando
O lugar comum, a diferença e a condição
Viver como lama nos sapatos de alguém
Entre coronéis, sobrenomes e cartéis
Respirar mais fundo até achar o equilíbrio
Pensa como age, ágil como quer falar
Sua intuição, um deus em exercício
Que dança no escuro sem medo de se arriscar
Enfrentar qualquer perigo
Coragem para mudar
Pelos olhos do destino
Coragem para mudar
Tudo é uma questão de se manter alerta e vivo
A cada segundo o vento sopra em outro lugar
Destelhando sonhos e casas invisíveis
Tirando do chão os seus pés e a ilusão
Viver como água sempre se adaptando
Respirar mais fundo até achar o equilíbrio
Sua intuição é um deus em exercício
Que dança no escuro sem medo de se arriscar
Guitarra, sample - Yuri Queiroga
TR 808 - Matheus Câmara
Bateria eletrônica, programação, baixo, órgão, sample, voz - China
FREVO E FÚRIA
(Letra: China - Música: China / Felipe Faraco / Rafa)
É proibido pensar, falar, informar
todo o direito de argumentar
É proibido pensar, calar, se esquivar
engolir a seco com gosto de sangue
pra depois deixar sangrar, gritar, se rebelar
é proibido dizer, querer se envolver
brilhar no escuro para amanhecer
É proibido, viver, nascer, morrer
tudo o que me resta é sobreviver
Desviando bombas
se espalhando em nuvem
desorientando
se equilibrar
pra depois deixar sangrar, gritar, se rebelar.
É proibido pensar, falar, informar
É proibido pensar, calar, se esquivar
É proibido dizer, querer se envolver
É proibido, viver, nascer, morrer
Caixa - Tostão Queiroga
Surdo, zabumba, caixa, pandeiro, reco-reco - Lucas dos Prazeres
Baixo - Yuri Queiroga
Guitarra - Andreas Kisser
programação, voz – China
FICHA TECNICA
Produzido por Yuri Queiroga
Gravado entre setembro de 2017 e novembro de 2018 nos estúdios Muzak (PE), Mundo novo (PE), Pedra onze (SP), Casa da Pompéia (SP), Casinha verde (SP), Root Sans (SP), Falante áudio (PE) por, André Oliveira, João Figueiroa, Buguinha Dub, China, Rodrigo Sanches e Guga fonseca
Edição: China, Yuri Queiroga
Mixado e masterizado por Buguinha Dub no Estúdio Mundo novo (PE)
Produção executiva: Pamella Gachido
Selo: Pedra onze
ALIVE?
(Lyrics and Music: China)
Leaves home but does not know if is gonna come back
Every day a heart in the hand
Who will determine the chances of someone
turn into statistical, a newspaper note
Violence spits bullets and blood
Another body fell on the channel
The police play god
In this subtropical inferno
You run the risk that fear sees from afflicted eyes
The trigger that will tell who stays alive
What is the lucky from who does not have it?
The courage from behind someone?
What am I going to do to stay alive?
The courage from behind someone?
What is the lucky from who does not have it?
What am I going to do to stay alive?
Bumbo, box, ganzá, agogô, tambourine, deaf, conga - Lucas dos Prazeres
Bass, guitar, sample, programming - Yuri Queiroga
Sample, Programming, Voice - China
TIME MILLS
(Lyrics: China / Bell Puã - Music: China / Yuri Queiroga)
Invisible suburbs
All that is lost for nothing to gain
Remedy that does not cure people
Market of imagination
We are heads full of promise, hope and cotton
That every day resumes as if it were already tomorrow
But if it depends on the eyes of the antenna to reason
Soon we will no longer know what it is for to think
Where does the time come from?
And the hours of this place?
We are windmill
Waiting for the time to heal
Such sensitive disorder
From the middle class, you can barely notice
Blindness that fogs the mind
Education model
We are heads full of hope, faith in God, illusion
That every day resumes as if it were already tomorrow
But if it depends on the strength of the system to save us
Soon we will no longer know what it is for to fight
It's all kind of foggy, bro.
I fall into the abyss
thinking to step on the ground
It's difficult to get the real fight out.
when everything on the news
comes as absolute truth.
Publicity is only an illusion
I present you the corruption show
for the people to think
that only the vote is participation
this great media
have to give information
the opinion is mine, can you see it?
only white people present the programs
and even the time is prime
No showoff
does not even compare to lattes
yes, we are colluding
from the rage that grows from the coup
my love, he said
"My black, there has to be the strategy
win the comedians
those co-medias
Pernambuco from the angry
nothing to hide
nobody comes out unscathed from the verse
which has no halter
I have no owner
Where do the time and place come from
where no black occupied?
Our blood on the way
Slave catchers, John Doe
is to take yours from the line
black blood on the way because
beyond the genocide, the wounds are still openly
the bravest and proudest people in a straight line
Northeast in fury
too many injuries:
execution of Marielle Franco
the stolen dream, we take it from assault
so that the pain of the black no longer goes blank
Let us just act on it
instead of remembering
such capitalist victory
It has to have in memory
and in the history book
that our elite was eugenic
The Vatican donated by a fascist
Oh my father in heaven, help me to see
It even hurts to be so realistic
to know that both Christian says "love all brothers"
but shut up if a black is executed
they only open their mouths if black is a student quota
from slave to poor worker
from inferior race to victimizer
21st century and white insisting on being neo-Nazi
They go crazy just thinking that Jesus could be black,
Imagine a black woman going against statistics?
reciting marginal poetry, facing elitist literature?
I want black woman in the beauty standards
but down the throat, they push us certain
imagination market
if you are a businessman everything you can
even sell rotten meat to the population
and even, maybe, defraud historical patrimony at auction
Bell Puã is sending the rhyme
for my bro China, I say hi
that the facts I can understand
even when tv
keep me company
that the american dream does not get to be
the worst nightmare of Latin America
Respect the females
Djambê - Lucas dos Prazeres
Bass, guitar, sample, guitar - Yuri Queiroga
Berimbau, voice - China
Voice - Bell Puã
UNDEVELOP
(Music: Nilsinho Amarante)
Trombone: Nilsinho Amarante
THE WILD
(Lyrics: China - Music: China / Yuri Queiroga)
Self-consciousness, natural selection
Predators, global village parasites
The continuity and existence of being
The enemy is necessary to strengthen me.
I said…
Is there compensation to destroy and why?
The human being is a process that evolves backward
And the infinite is far too far away
Let's go there, but never surrender
Music for the monkeys
Dance with me, wild
The nakedness of the bare eye
Who does not fear, challenges
The feeling, the balance
The hope of another day
Music for the monkeys
Dance with me, wild
Two and two here.
Music, Music
* Arrangement trombone - Nilsinho Amarante
Box, zabumba, cajon, miner, panela, palmas - Lucas dos Prazeres
Bass, guitar, programming, sample, palms - Yuri Queiroga
Trombone - Nilsinho Amarante
Palms, voice – China
OFFERTORY
(Lyrics: China - Music: China / Yuri Queiroga)
These constellations will follow me
All the way, lighting up
The wind already blew the direction
and I let walk, walk
If this is as proof of prayer
I ask to bless myself
close my body, give me protection
and breathe the air
Divine light, guide and protection
Lighten up my darkness
Keep my heart meek and gentle
and my soul calm as a river
that all evil I can divert
without achieving anything to me
and may my feet not fail to follow
where the thought leads me
this offering is proof of prayer
the chant of xambá
Surdo, alfaia, conga, djambe, agogô, snare, whistle, rattle - Lucas dos Prazeres
Sample, bass, guitar, programming, guitar - Yuri Queiroga
Voice - China
FASCISMO TUPINAMBÁ
(Lyrics: China - Music: China / Yuri Queiroga)
Under the laws all are equal
the difference is who pays more
everyone is entitled to protection
but whoever decides makes distinction
the right to be tried
independent and impartial
the family is fundamental
and the good people are the court
Freedom of thought
conscience and religion
the Christian takes the oath
and the church the separation
everybody wants education
the knowledge, the voice of reason
but thinking is not the issue
the torture of opinion
Fascist, the good citizen, tabacudo, fuck you
Sample, bass - Yuri Queiroga
Guitar - Neilton
Voice – China
CONSUMPTION
(Lyrics: China - Music: China / Yuri Queiroga)
And how much does happiness cost?
And how long does it last?
It's already more expensive than reality
and lasts less than hallucination
All the time reinvented yourself
miraculous way to sell
The advertisement says in a scare
that having already is worth much more than being
Trust what?
Cultivate what?
Replace
and satisfy
You are worth what you consume
not even a penny more
You know that your name
it's no big deal
Caixa, zabumba, pandeiro - Lucas dos Prazeres
Bass, guitar, programming, sample, micromoog - Yuri Queiroga
TR 808 - Matheus Board
Voice - China
SAILING
(Lyrics: China - Music: China / Felipe Faraco / Rafa)
What's the use of navigating near the wind?
Seek direction and float
Dive deep over all your thoughts
Feed the dreams to wake up tomorrow
And if we go to the beach we forget that the sun
Hides behind the buildings
And its reflection is all that's left for us.
This unbearable joy of living
Smile of circumstances
Without realizing that you can defend yourself
Today will smile to sadness
Wednesdays and Sundays always have soccer
The days only begin after the carnival
This unbearable joy of living
Smile for anything
Cheat yourself and let it happen
drums - Rafael Bezerra
Low - Felipe Faraco
Guitar, cassiotone - Yuri Queiroga
TR 808 - Matheus Board
TR 606, caxixi, programming, voice - China
Voice - Natália Matos
STAR POWDER
(Lyrics and Music: China)
It's unexplainable stuff from the bottom of my chest to corrode me
Daily doses of certainty and fear
to show me how fragile life is.
Houses of sand for the sea to break
and everything is a dream until you realize
that we are stardust
we light up after dark
And without you, it does not make sense anymore.
But without you nothing makes sense.
They are inexhaustible sources of hope and faith
hands to heaven always look for other hands
I ask and I thank in my prayers
and I do everything to strengthen myself
But houses of sand are for the wind to blow
and everything is a dream until you wake up
Because in fact we are stardust
illuminating after dark
Bucket, bass drum, caixa - Bruno Cupim
Bass guitar - Yuri Queiroga
Programming, pandeirola, sample, voice - China
Voice - Uyara Torrente
BETWEEN CORONELS
(Lyrics and Music: China)
Live like water always adapting
Commonplace, difference and condition
Live like mud in someone's shoes
Between coronels, surnames and cartels
Breathe deeper until you find the balance
Think of how you act, how agile you want to talk
Your intuition, a working god
That dances in the dark with no fear of risking
Face any danger
Courage to change
Through the eyes of destiny
Courage to change
It's all about staying alert and alive
Every second the wind blows elsewhere
Untiling dreams and invisible houses
Taking the ground from your feet and the illusion
Live like water always adapting
Breathe deeper until you find the balance
Your intuition is a working god.
That dances in the dark without fear of risking
Guitar, sample - Yuri Queiroga
TR 808 - Matheus Board
Electronic drums, programming, bass, organ, sample, voice - China
FREVO AND FURY
(Lyrics: China - Music: China / Felipe Faraco / Rafa)
It is forbidden to think, speak, inform
any right to argue
It is forbidden to think, to shut up, to dodge
swallow dry with blood taste
to let it bleed, scream, rebel
it is forbidden to say, want to get involved
shine in the dark for sunrise
It is forbidden, to live, to be born, to die
All I have left is to survive.